“Mad City” é lançado no Cine Olido

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“Mad City” é lançado no Cine Olido

Em outubro de 2011 entrevistei o Fernando Java para o site da ESPN. A pauta era sobre o projeto de vídeo que ele estava filmando e tinha acabado de voltar de sua segunda temporada européia.
Quase quatro anos depois, “Mad City” finalmente foi lançado nesse mês, e nessa segunda-feira foi exibido no Cine Olido, de onde saiu aclamado pela sala lotada de skatistas que foram prestigiar a produção do suíço Tristam Zumbach.
Tristam arcou com todos os custos de produção, inclusive suas visitas ao Brasil e ajuda na estrutura para receber os skatistas brasileiros que viajaram para filmar com ele na Europa. Por isso demorou para ser finalizado. O suíço precisou trabalhar sem depender da indústria do skate para idealizar esse projeto.
Além de Java, Glauber Marques e Vinícius Santos tem partes no “Mad City”, junto com o francês Max Genin.
A qualidade da produção está impecável, captado em high-definition e película, editado magistralmente e com manobras muito afiadas, dignas de qualquer super produção e nível páreo aos skatistas que viajam de primeira classe e se hospedam em resorts.

Glauber Marques e Tristam Zumbach na première no Cine Olido (foto: Sidney Arakaki)
Glauber Marques e Tristam Zumbach na première no Cine Olido (foto: Sidney Arakaki)

Assista o trailer, fique esperto com as próximas exibições antes de Tristam voltar à Europa e leia a entrevista com o Java feita em 2011, em que ele conta sobre a produção, que nem tinha nome. “Mad City” só será disponibilizado online em julho.

Quais as principais diferenças que você sentiu entre o Brasil e a Suíça?
Aqui acho que tem mais gente que anda. Mais profissionais. Lá não são tantas pessoas que andam igual aqui, bastante gente. E aqui tem bastante marca também. Mas lá, o bom são os picos, o clima, o ambiente. Pra andar lá é mais tranquilo.

E como são os picos lá?
Os picos são bem de rua mesmo. Tem uns ásperos, mas são bonitos. E tem bastante pico perfeito que ninguém anda lá. Dá pra estrear os picos, fazer igual eu, que andei em picos que ninguém tinha andado ainda.

Rola muita discriminação por lá?
Tem lugar que não pode andar e rola multa. Mas as pessoas nas rua são tranquilas, não olham de cara feia, até param pra olhar a gente andando. Em relação a isso é tranquilo.

E você arriscou andar nesses lugares proibidos?
Arriscamos e inclusive tomei uma multa.

Como que eles multam?
Os policiais passam e avisam que não pode andar. E se eles passarem e te pegarem de novo, rola a multa.

Fernando Java (foto: Sidney Arakaki)
Fernando Java (foto: Sidney Arakaki)

Tem que pagar na hora?
Eles te dão um papelzinho com o valor e avisam que vai chegar na casa.

Mesmo sendo estrangeiro rola essa multa?
Rola, mas eu não recebi. O policial falou que eu tomei uma multa, só que não chegou. Ainda bem. Ele pegou meu passaporte, meu nome, meus dados (endereço da casa do Tristan).

Qual o valor?
15 mil francos suíços. Dá uns 400 e poucos reais.

Você acabou não pagando, mas valeria a pena pela manobra?
Foi a segunda vez que eu tinha ido lá. Eu não acertei, mas caí em cima na hora que o policial chegou. O Tristan filmou tudo e vai ser o início da parte.

Conta um pouco desse filme.
Faz mais ou menos um ano que eu tô filmando com o Tristan e agora vou continuar filmando até o final do ano que vem. E todas as vezes que nos encontramos filmamos todos os dias. Até terminar minha parte agora.

E você tá filmando aqui no Brasil e na Europa?
Filmando aqui no Brasil, na Europa. Agora ele vem pro Brasil no final do ano, aí vou querer filmar em outros lugares daqui. Porto Alegre e Rio de Janeiro.

Você considera que já tem muitas coisas legais?
Tem umas coisas bem legais. A gente filmou várias coisas. Pro site também, propaganda, alguns trailers. E agora cada vez mais tô filmando coisas legais, até o final da parte.

Você quer viajar mais pra fora do país pra essa parte?
Ainda não sei, mas se rolar, certeza.

E a Nike SB que te dá essa estrutura pra viajar? (Java não está mais na Nike SB)
Sim, eles estão me ajudando. Me deram uma passagem pra ir, e pra comer é do meu bolso.

Quantos dias você ficou dessa vez?
Fiquei um mês.

E como era a rotina? Skate todos os dias?
Todos os dias. Bem legal, estava no ritmo de filmar mesmo, todos os dias.

Só você e o Tristan?
É, eu, Tristan e as vezes com os moleques que moram lá. No ano passado o Glauber Marques estava junto. Ele também vai ter parte no vídeo.

Porque ele não foi esse ano?
Porque ele se machucou e ainda não se recuperou. (Glauber rompeu o baço durante uma sessão e ficou alguns meses longe do skate) Eu fiquei sabendo que ele tá se recuperando.

Quem mais vai ter parte nesse vídeo?
Um francês, o Max Genin, e outros moleques que eu ainda não sei quem são.

Pra quais cidades você foi?
Eu estava em Geneva (Genebra), e fui filmar no sul da Suíça, foi bem legal também. E fiquei uma semana no sul da França, que foi onde eu encontrei o Charley, da revista Sugar. E ele fez minhas fotos que saiu na entrevista. O nome da cidade é Marseille (Marselha). Cidade bem bonita, bastante picos.

E ele te convidou logo de cara pra fazer essa entrevista?
Eu fui lá só pra fazer essa entrevista. O Tristan que ligou pro Charley e falou que eu tava lá fazendo minha parte e estava afim de fazer umas fotos, aí ele falou que queria fazer entrevista minha.

Você foi entrevistado em francês?
Não, em português. O Tristan traduziu pra mim. Aí eles traduziram e foi publicado em francês.

Como você se comunicava no geral?
Eu tentava me puxar um pouco pra aprender. Aí quando eu não conseguia o Tristan me ajudava, dava uma força. Lá se fala francês.

Te receberam bem lá?
Foi legal, fiz uma demo lá. E conheci outros moleques que andavam também.

Como são as pistas suíças?
A pista que eu fiz a demo não era legal, era misturado roller, bike e skate. Eu fui lá só pra fazer essa demo mesmo, que era dos moleques da escola. E o chão não era muito bom, era de asfalto.

Conta alguma roubada que rolou lá.
Teve uma vez que eu fui no mercado e eu quase me perdi. A gente estava andando num pico, eu fui no mercado comprar um refrigerante. Aí eu entrei no mercado e saí numa outra entrada, do outro lado. Fiquei procurando o maior tempo e não achava, estava com medo de me perder porque estava sem celular. Aí acabei me achando. Eu fiquei tentando me comunicar com as pessoas, mas elas não me entendiam. Eu senti um frio na barriga.

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