Skatista Daniel Justi cria livro-objeto que investiga a relação do skate com a cidade

atrito

O skatista e designer gráfico Daniel Justi criou um projeto inspirado nas suas duas paixões, skate e livro.
Livro-objeto, como ele se refere, “atrito” investiga a relação do skate com a cidade.
Em entrevista ao blog, Justi fala sobre sua cria.

Daniel Justi (foto: Sidney Arakaki)
Daniel Justi (foto: Sidney Arakaki)
Como surgiu a ideia do atrito?
Foi um impulso natural, que até demorou pra ter acontecido. Juntei duas coisas que eu gosto num objeto só. Por um lado, o skate, que já me acompanha há 18 anos. Por outro, meu crescente interesse pelo livro pensado como objeto, onde ele não é apenas um meio e sim a mensagem. O trabalho não está no livro, ele é o livro.
A ideia inicial foi só o livro inserido dentro do shape, que é uma peça única. Depois, tive a ideia de adaptá-lo para um formato possibilitasse sua reprodução em escala industrial, foi então que surgiu a ideia das brochuras, que no lugar da capa receberam uma lixa de skate. Isso traz um pouco da experiência de segurar um skate enquanto o livro é folheado.

Qual a origem do nome?
O livro é uma pequena homenagem aos [poucos] picos existem em São Paulo.
Ele é dividido em duas partes: a primeira é só de fotografias bem fechadas nas marcas de vela e de desgaste que o skate deixa nos picos, mostrando uma maneira diferente de observar a cidade. Na segunda parte, estão os mesmos locais, num plano mais aberto, porém sem uma resposta verbal de que lugares são esses.
O nome atrito vem disso: dos rastros que o skate deixa na cidade e que torna esse lugares reconhecíveis pra quem anda. Além da lixa, que também deixa suas marcas nos tenis.
O livro tem apenas uma pequena introdução com texto, que encerra assim:
“sempre citado como uma atividade de impacto, o skate está mais para uma atividade de atrito. e atrito gera energia.”

As fotos e textos são seus mesmo?
Sim! O texto é uma breve explicação sobre o projeto. A maior parte das fotos são minhas, e algumas são de um amigo meu, o André, que foi junto em uma das sessões fotográficas e fez uns cliques melhores do que os meus.

Fale sobre a produção.
Foi uma grande mistura. Para o exemplar do shape a coisa foi bem artesanal. Eu cortei o shape, pintei, apliquei a dobradiça e o título foi aplicado usando LetraSet. As brochuras mandei fazer numa gráfica, e depois colei manualmente a lixa nas capas. No meio do livro, fiz um pop-up do Vale do Anhangabaú, que também foi inserido manualmente. Quando você abre o livro nessa página, um ‘palco’ do Vale é simulado usando uma dobra no papel.

Vai ser comercializado?
Espero que sim, mas dependo do interesse de alguma editora. Fiz apenas 4 brochuras e o custo inviabiliza sua venda, além dessa parte de montagem manual que também é demorada. Torço para que dê certo; livros devem circular!

Quando chegar às livrarias, em qual seção ele será achado: esportes, arte ou arquitetura?
Difícil de saber… livrarias têm métodos muito particulares. Esse projeto fica na fronteira entre arte e arquitetura, então acho que ficaria entre uma dessas. Mas tomara que fique distante da parte de Esportes!

Outros trabalhos do skatista estão no http://cargocollective.com/danieljusti

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