A revista Trip anunciou na noite dessa quinta-feira em São Paulo, os dez homenageados da sexta edição do Prêmio Trip Transformadores. Entre eles está Sandro Soares, o Testinha, conhecido por nós que amamos o skate como uma das pessoas que nos inspiram a trabalhar por um Brasil melhor. Testinha usa o skate como instrumento de inclusão social e educação, e sua indicação casou com o tema de 2013 do prêmio: “Sem educação não há solução”.
Além de Testinha, estão sendo homenageados pela Trip nesse ano, a cantora Daniela Mercury, a designer Paula Dib, a fotógrafa Claudia Andujar, o agricultor Geraldo Gomes Barbosa, o arquiteto Edgard Gouveia Junior, a estudante Isadora Faber, o professor Marcelo Freixo, o financista Marcos Flavio Azzi e a agrônoma Marilena Lazzarini. (Leia mais sobre o prêmio no http://revistatrip.uol.com.br/transformadores/)
Para falar sobre o prêmio, fiz uma breve entrevista com ele:
Como foi receber a notícia de ser um dos indicados ao prêmio Trip Transformadores 2013?
Confesso que não foi surpresa, pois persigo esse prêmio à anos, desde que foi criado, em 2007. Agora chegou, acredito que seja o momento certo.
Desses cinco primeiros anos do prêmio você já acompanhava o trabalho de algum Transformador?
Sim, acho que entre os homenageados de cada ano ao menos um eu conheço ou já ouvi falar do trabalho. São sempre pessoas ótimas. Porém, o Sergio Vaz, que coordena a Cooperifa um sarau na periferia de São Paulo, eu sou fã de carteirinha. O cara é muito bom e leva a cultura para um dos bairros considerados muito violento.
Você está com um novo projeto bem legal em andamento. Um formato de competição de skate interessante. Conta sobre ele.
Eu – e você também – assim como outros amigos, fizemos parte de uma geração que ajudou a levar o skate onde ele está hoje, seja na mídia, nas competições ou mesmo influenciando o mercado atual do skate. Porém, o ideia de sonho de viver do skate se tornou ou está se tornando algo parecido como no futebol, onde você vira um craque e vive bem disso ou não consegue nada. E pior, acaba se decepcionando e abrindo as portas para drogas, bebidas e sub-empregos. Como diz uma música dos Racionais MCs, “Frustação, máquina de fazer vilão”. E acho ruim o skate poder levar à isso. Portanto, estamos criando um experimento de eventos de skate onde para definir quem irá vencer, os participantes terão que além de boas manobras, demonstrar seus conhecimentos escolares. Os detalhes ainda são surpresa senão algum espertalhão pode se apropriar do que estamos criando. E que se der certo pode unir mais o skate da educação de nossos jovens. Mas em breve tudo se tornará público como deve ser.
Outro dia estávamos conversando sobre a importância de educar os jovens e incentivá-los a não abandonar os estudos para viver só do skate. É possível conciliar skate, trabalhar, estudar e você consegue transmitir isso para a molecada do Social Skate. Esse é o diferencial para o seu projeto ser reconhecido?
Sim, é possível conciliar tudo, desde que se demonstre e dê alguma condição mínima para os jovens skatistas entenderem que não precisam necessariamente serem o melhor skatista, e sim, ser o que mais se diverte em cima do skate, independente do grau de dificuldade das manobras que executa. Como foi no início de tudo, “ande de skate e se divirta”. Procuramos transmitir isso mostrando para nossos jovens a importância dos estudos, para se o plano de viver do skate não der certo, ele ter outra formação para exercer. Poder ser remunerado de forma justa e ainda por cima continuar andando de skate até as pernas aguentarem. Conheço skatistas que trabalham em outras áreas e acabam possuindo um padrão de vida melhor que muitos profissionais do skate, e consequentemente andam tão bem de skate quanto um skatista profissional que não ganha bem, como a maior parte dos skatistas profissionais do Brasil. Infelizmente.
Quais as principais Transformaçōes realizadas pelo Sandro Soares nos últimos anos?
Muitas coisas que aconteceram no Brasil nos últimos tempos, tomada do poder público de lugares comandados por tráficos de drogas e uso delas, levante popular até mesmo chamado de revolução nos últimos dias que fez o Brasil repensar sua postura como povo, acredito que nos últimos três anos junto do skate e da educação, estamos fazendo essas mudanças, de forma pacifica e inteligente, sem disparar um “tiro”, sem nenhum confronto utilizando do melhor que o skate nos ensinou e que ajudamos a criar. E o melhor de tudo é que é direcionado ao nosso futuro, as nossas crianças e jovens, pois eles estarão no comando de tudo muito em breve.
E quais pretende transformar nos próximos?
Tem uma frase que uso muito aqui. Ouvi meu amigo Alessandro Buzo dizer pela primeira vez e acredito muito que ela transmite nossos desejos futuros: “Não queremos mudar da periferia, queremos mudar a periferia”.