Até 15 anos atrás, o skate brasileiro sofria muito preconceito em outros países, especialmente nos EUA. Marcas norte-americanas copiadas por empresários brasileiros, era o principal motivo pelo boicote que afetava os “inocentes” skatistas. A história do boicote aos brasileiros no Münster Monster Mastership em 1989 é a mais famosa, quando os “tops” separaram os brasileiros de bateria pra não andarem juntos e ainda apagaram as luzes do ginásio.
Eu fui um dos que sentiu na pele a discriminação e preconceito por ser brasileiro. Numa época em que morei no Japão, em 1991, por não termos referências de skatistas brasileiros na cena internacional, até pra andar nas pistas era difícil. Os japoneses faziam piada, achando que no Brasil não havia skate.
Mas a história começou a mudar em 1995, com o Bob e o Digo. Os caras convenceram a indústria norte-americana que aqui no Brasil haviam skatistas talentosos que não mereciam pagar por causa de uma dúzia (talvez um pouco mais) de empresários sanguessugas. Bob foi contratado pela DLX e Digo pela Think. Eram duas empresas tops. A dupla escancarou as portas para que os brasileiros fossem recebidos pela indústria. Alguns souberam aproveitar as oportunidades, outros não, e a maioria não teve tanta sorte.
Quando retornei ao Japão em 1996, o fato de ser brasileiro era motivo instantâneo da associação com o Bob e o Digo, apesar da carreira deles serem recentes por lá. Mas já senti a diferença na recepção nas sessões. A auto-estima também foi lá em cima! O primeiro model dos dois que comprei foi o do Digo, que era a bandeira do Brasil embaixo, escrito Rodrigo Menezes, São Paulo, Brasil. Montei um dia antes de um campeonato, que me deu muito gás pra correr e ganhar. Aí começou outro capítulo, que qualquer dia conto por aqui.
Acho que são poucas pessoas que tem essa perspectiva da importância do Bob e do Digo pro skate (esporte) brasileiro, e por isso tenho tanto respeito pelos dois. Eu os considero heróis como Pelé, Ayrton Senna e Zico. E sem exagero algum. São ícones que fizeram muito mais que só pelo esporte. Graças a eles, ser brasileiro faz a diferença em qualquer pico do mundo!
No www.espn.com.br/skateblog tem um papo com o Digo Menezes contando sobre a época da Think Skateboards.
Ao contrário do Bob, que se estabeleceu nos EUA, o Digo preferiu voltar para o Brasil para estar perto da família. Não adianta estar vivendo o “sucesso”, se não está feliz.
Tudo bom Sidney!!!???
Achei esse texto exelente ,e nimguem mostrou a importancia dos skatistas brasileiros do geito que você escreveu , mostrando sua experiência pessoal .
Gostaria de entender qual é o preconceito com pessoas da mesma raça ? Pois a unica diferença é que você nasceu num pais diferente.
Formula 1 , Futebol , são totalmente diferentes , para min Bob Burnquist é muito melhor que Pelé e Airton Senna. Bob mudou toda a regra de evolução do skateboard,ele é unico no planeta terra.