O renascimento da Ultra Skate

Em 1988, um empresário da zona sul paulistana foi convencido pelo filho a construir uma pista de skate. Um dos motivos: o então prefeito da cidade de São Paulo, Janio Quadros, proibira a prática do skate em vias e locais públicos. Foi um período em que skate era taxado de crime. Crianças carregando skate debaixo do braço eram criminosos e delegacias eram depósitos de skate.

Para manter o jovem membro da família longe de contravenções, Sr. Nelson aproveitou seu galpão na avenida Morumbi, procurou o skatista profissional, fotógrafo e arquiteto Daniel Bourqui e construíram um half-pipe para o pequeno Cristiano Mateus. E assim nasceu a Ultra Skate, um templo do skate brasileiro que foi celeiro de uma geração inovadora. Foi mais que uma pista de skate. Era um ponto de encontro de energias canalizadas que impulsionaram o skate vertical brasileiro. Dali surgiram nomes como Bob Burnquist, Renato Barcelos, Valter Vale, Daniel Baccaro, Toninho e Henrique “Banana” Migliano. E foi uma ótima opção de sessão para veteranos que só tinham rampas de concreto para andar. As dimensões do half pipe de madeira propiciaram a evolução técnica das manobras. Foi também um lugar que muitos anônimos se divertiram enquanto funcionou até o ano 1991. Eu fui um deles. A área de street tinha obstáculos modulares, que a cada dia estavam montados de uma forma diferente. Num dia em que havia um corrimão no palco, vi a primeira oportunidade de descer o tão cobiçado obstáculo. Nunca vou me esquecer do caibro ensebado de vela, sem cantoneira nem cano. Madeira na madeira. Estava tão empolgado que já acertei logo na primeira tentativa. Mas acho que o medo de ensacar ajudou a ter mais confiança.

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Cristiano Mateus

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A noite dessa quinta-feira, 12 de março, marcou a volta da Ultra Skate. Cristiano Mateus materializou seu sonho de trazer de volta sua própria pista. Ele disse que foi a noite mais feliz da vida dele.

Desta vez, duas piscinas interligadas e com muitos obstáculos. Oververt, escadas, “love seat”, ralos, caixas de luzes e as bordas de concreto (coping block). É como se fosse uma área de street dentro de um bowl. E a sessão que rolou na inauguração foi pesada. Os convidados judiaram das bordas sem dó.

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O barulho dos eixos ralando o concreto é uma história a parte. Impossível descrever o som, que, sem exagero, machuca os tímpanos de quem estiver por perto. Skatistas de várias gerações e diversas escolas aprovaram a obra de Daniel Arnoni e Cris Mateus. Bob Burnquist, Dan Cezar, Daniel Kim, Rodolfo e Wagner Ramos, Marcio Tarobinha, Duzinho Braz, André Cywinski, Ricardo Mikuim, Marcelo Bastos, Renatinho Barcelos, Otavio Neto, Edgar Vovô, Mathias Nylen, Marco Cruz, Biano Bianchin, Marcelo Kosake,Vitor Simão e Per Magnusson foram alguns dos que incendiaram as piscinas.

E a Ultra Skate está ressurgindo como um verdadeiro templo. Uma pista de skate com bar e loja com todas as melhores peças que podem existir no mundo.

É um lugar que todo skatista sempre sonhou em morar perto. Se ele não estiver afim de andar, vai lá assistir uma sessão de gala, bater um papo e se manter interado com a galera, assistir vídeos, fazer a manutenção do skate. Vai viver o skate num ambiente 100% skate.

Aqui no Brasil, lugares assim são raros. Em São Paulo, por incrível que pareça, é a única opção. Pelo menos você sabe que sempre vai ter bastante gente lá.
Então aí vai o endereço: Rua Moaci, 537. Mais informações no site: ultraskate.com.br

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Fellipe, Mug, Otavio, Xaparral, Kim e Duzinho

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Shin e Helga

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Marcelo, Lauro e Pinguim

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André, Cris e Banana

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Família Souza

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Zóio e Mug

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Renata, Cris e Cecília

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Tarobinha, frontside smith na parte mais funda

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Bob, backside smith sobre a escada

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Daniel Kim, grindão barulhento no fundão

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Maçaneta personalizada até no banheiro

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Duzinho se divertindo na piscina

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Otavio e Cris

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Bianca, Otavio, Fellipe, Eugênia e Rebeca

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Bob e minha chefe, Renata Netto

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