Uma revista que tô me divertindo em reler é a Skateboarding de abril de 1999, com entrevista com o Bob e matéria sobre o Brasil. Reportagem bilíngue com texto do Atiba Jefferson e tradução do Bob. É uma pequena viagem no tempo folhear essa revista. Muitas manobras que continuam atuais e outras que mudaram o rumo na cena. O Alê Vianna ainda era um skatista de ponta. Nessa edição está o lendário boardslide dele descabaçando o corrimão do Jardim Hollywood (que fica dentro do Jardim Copacabana) que hoje ainda é um mito. Tem o 50-50 do Daniel Arnoni num corrimão de tranco, frontside ollie switch crooks reverse do Tarobinha na primeira versão da pista da Drop. Um lance legal, é uma foto de página inteira do Reco pulando uma escada de frontside flip usando um DC, e hoje o cara dirige a marca no Brasil. Eu acho legal trabalhar numa marca ou empresa que você já teve algum tipo de ligação. O mesmo vale pra um skatista que curte determinadas marcas, vai comprando pra usar e um dia calha de uma dessas marcas preferidas dele o patrocinarem.
Voltando à revista. Essa foi a primeira entrevista que o Bob deu pra TWS. O Atiba veio pro Brasil produzir as fotos, e aproveitando a viagem, fez essa matéria com os brasileiros. No começo tem um tom meio preconceituoso com o “terceiro mundo”, mas é uma reportagem legal e interessante de ler. São 28 páginas mais poster dedicado ao Brasil. A entrevista do Bob Burnquist tem as fotos bem mescladas entre street, bowl e half. Nessa época ele morava em São Francisco e eu acho que lá nunca teve um half descente pra andar. Até os halfs do Brasil deviam ser melhor que lá. Em compensação, ele deve ter feito muito street de rua, downhill. Por isso o cara tem tanta base.
Semana passada eu tava carregando a revista dentro da mochila e lendo em qualquer canto que estivesse parado. Aí, eu tava conversando com o pequeno mano Biel, e descobri que ele nasceu exatamente no mês que saiu essa edição: abril de 1999. Saquei a revista e tive que fazer essa foto. O Biel é um moleque muito sagaz. Uma criança que curte andar de skate. O Wagner, pai dele, é skatista da minha geração, e o mais legal, é que não força a barra. É skate espontâneo na veia! Sorte do Biel, porque nos dias de hoje não é difícil ir num campeonato e ver a criançada apanhando ou levando bronca dos pais porque não se deram bem. E esse é um assunto que ainda quero abordar aqui no blog logo mais.