Essa sessão foi em março de 2007. Desci pra Santos pra passar um dia com meus amigos Jerri e o Lokinho. Pode parecer exagero, mas, daqui de casa, é mais rápido ir pra Santos do que muitos lugares de São Paulo. Cheguei em menos de uma hora na rodoviária… isso porque peguei trânsito e o motorista mudou o curso pra um atalho.
Logo depois do almoço o Lokinho quis tentar um rock n` roll numa parede rústica em Cubatão. E lá fomos nós pra missão. Acho que o Lokinho também nem sabia direito como era o pico, porque foi Guega que sugeriu. Ele mora ali e tinha prometido até já estar esperando com as chapas pra fazer o “caminho de rato”.
Chegamos no pico e já rolou uma dose de sorte muito acima do normal. A rua era a marginal da rodovia, que normalmente tem fluxo intenso (o Guega não contou esse detalhe). Mas, justo o trecho do pico, estava interditado e não passavam veículos! Aí facilitou um pouco. Só um pouco, porque a encrenca era braba. O chão nem era asfalto e o Guega não tinha levado as chapas. O Lokinho mesmo teve que ir atrás.
A montagem do caminho também foi complicada. As chapas e os calços eram escassos e o piso irregular dificultava o assentamento.
O Lokinho tinha que correr, pular em cima e na maioria das vezes já chegava na parede sem controle.
Isso tudo, antes da parte mais difícil: a parede. O cara foi na intenção de um rock n` roll, mas um wallride na transição na parede já era difícil. Além de áspero, tinha o tranco e a falta de velocidade.
Pra piorar, virou show e muita gente se amontoou em volta, principalmente crianças saindo das escolas. O Jerri tinha que pedir pra saírem do enquadramento da foto e os gritos de incentivo tiravam a concentração do Lokinho.
Infelizmente, se você queria que eu contasse um final de história perfeito como novela, ele não acertou a manobra. O trânsito foi aberto e a sessão foi abortada… acho que nunca mais rolou deles voltarem lá. Mas a aventura foi legal e é divertido relembrar agora. Pra quem vive o skate esse tipo de histórias são normais. E é por isso que é tão legal. Que graça teria se fosse fácil?
De lá pra cá muitas coisas aconteceram com o Lokinho. Ele está morando em São Paulo agora, e é reconhecido como um fotógrafo talentoso. Lembro que na casa dele ele me mostrou empolgado sua coleção de câmeras e a digital que tinha acabado de comprar e estava aprendendo a usar.