Estou muito honrado do DJ Mista Luba ter aceitado o convite para idealizar uma vontade minha, que foi fazer um set baseado em vídeos de skate dos anos 90, os anos dourados do rap.
O set foi transmitido ao vivo aqui pelo blog no dia 8 de junho e o player continua aí em cima na íntegra.
Tive essa ideia porque o Mista Luba produz umas Skatemix que ativam fortemente a memória afetiva de todos nós que vivemos intensamente essa Era.
E ver ele manipulando as pickups é de fazer o queixo cair. É uma experiência que eu quis compartilhar com os amantes do skate e da música e acho que todos curtiram.
O DJ Mista Luba é o cara perfeito pra fazer isso, porque apesar de ser um dos DJs brasileiros mais conhecidos da atualidade, excursionando por vários países com o Rincon Sapiência para tocar em festivais, ele mantém os pés no chão e se orgulha das raízes dele serem o skate.
DJ Mista Luba
Luis Rodrigues é um skatista paulistano da Vila Sônia que ganhou um skate do primo aos sete anos de idade. “Quando eu ia na casa dele com 5, 6 anos, via ele descendo a ladeira e fiquei encantado. Ele me mostrou o filme Trashin’ e eu enlouqueci, queria ser aquilo. Ele me deu um skate amarelo bem tosquinho, desci uma ladeira com uma rampa e mudou a vida. Desde então sempre andei de skate, ele sempre esteve presente na minha vida.”
A paixão pela música começou antes do skate, com o Iron Maiden, quando Luis foi com os pais numa loja de discos. “Meu pai tinha ido comprar uma fita de samba pra ele e eu grudei nesse disco “Made in Japan“, ao vivo do Iron Maiden. Não largava nem fudendo.”
Entre 1987 e 1988 Luis diz que conheceu Beastie Boys e foi identificação instantânea. “Os caras são brancos, fazem rock e rap. É tudo o que eu gosto!”
Nos anos 90, quando as marcas de skate começaram a lançar seus vídeos de skate independentes, as trilhas-sonoras chamavam atenção por terem muitas novidades. Luis se interessava por essas descobertas e ia atrás dos CDs de todas as músicas que gostava.
“Eu vi que a música e o skate estavam muito juntos, muito ligados. E que os skatistas era muito nerds, que sabiam muito de música. Mais até que os próprios rappers, DJs. Eu sempre gostei de pesquisar por isso. Sempre que acabava os vídeos tentava descobrir o nome das músicas“, me explicou o Luis, sobre o início das pesquisas.
Numa das lojas do centro de São Paulo mais especializadas em rap na época, Luis falou que os caras estranhavam e se surpreendia com seu conhecimento. “Os caras nem sabiam dos raps que estavam nos vídeos“, explica. E escutava comentários como, “o que esse branquinho tá falando de rap que a gente nem sabe, mano?”
Uma grande mudança aconteceu quando o DJ Célio, vendedor de uma das lojas que Luis costumava comprar CD falou, “você precisa comprar vinil porque você é DJ“.
Mas Luis não tinha toca-discos, e nem dinheiro para comprar um.
Mesmo assim, a partir dali ele começou a comprar discos de vinil apesar de não ter como tocar.
Sua primeira pick-up só foi comprada em 1999, após suado trabalho. E então começa oficialmente sua história como DJ.
“Desde então parece que eu estava correndo riscos fazendo scratch, porque eu sempre gostei de fazer scratches. Tinha medo de riscar. Se você errar, você volta. Pra mim, é parecido com skate essa parada, de correr os riscos tudo mais. Hoje eu tenho 40 anos e nada mudou, mesma sensação de quando eu era criança. Andando de skate, quando eu acerto qualquer coisa é a mesma sensação. É uma doidera, um portal.
E o que é mais legal, é que o skate sempre me ajudou a ficar com o pé no chão, independentemente de onde eu estiver. Tocando no Lollapalooza, tocando em festival grande, pequeno, a conduta sempre foi a mesma. Porque quando a gente anda de skate na rua precisa pedir licença pra entrar nos lugares, cumprimentar todo mundo. Tem umas atitudes que eu admiro. Até hoje, independente de onde eu estiver, o skate te deixa com os pés no chão. Se você entender realmente a proposta disso tudo, todos somos um.
Se você entender isso, é maravilhoso. Te abre um portal e você muda a sua vida. Te abre outros caminhos. É maravilhoso isso. Sou eternamente grato. Me salvou.”.