Frequento a Praça XV, no centro do Rio de Janeiro, faz anos.
Muitas das sessões eu ia junto com meu amigo Fabio Kalunga.
O primeiro I Love XV que participei foi em 2008. Peguei um ônibus em São Paulo, passei o dia na Praça XV e no final da noite retornei.
Nessa época, ainda era “crime” andar de skate na Praça XV e o evento era uma manifestação para liberação das sessões.
A negociação com o Poder Público veio acontecer alguns anos depois e o Coletivo XV teve autorização para realizar eventos e instalar mobiliários skatáveis pela praça.
Participei de outros anos do I Love XV e em alguns ia e voltava com o Kalunga de ônibus e metrô, porque ficava hospedado perto da casa dele. Era meu parceirão.
Em 2017 eu não consegui colar. Foi o ano que o Kalunga tocou no I Love XV com a banda Cabeça.
Ninguém podia imaginar que aquele seria seu último show. Ele morreu dois meses depois.
No ano passado o Coletivo XV não conseguiu produzir o evento, mas em 2019 não poderia deixar de homenagear o Kalunga.
Por isso, fiz questão de colar nesse 15 de novembro na Praça XV para celebrar o I Love XV.
Mas choveu e o evento foi transferido para o dia seguinte.
Como nos últimos anos, o evento estava programado para sair do MAM. Próximo da estação para desembarcar do metrô, me levantei e me dei conta que o Kalunga não estava ali comigo. Rolou um flashback e só percebi que não tinha saído do vagão três estações depois.
Voltei, saí pelas ruas do centro remando rumo ao MAM e tinha certeza que o Kalunga estava ali comigo, como todos os anos.
Aquele sorrisão aberto e poucas palavras, só curtindo andar de skate.
Esse I Love XV 2019 é inesquecível. Não fiz muitos registros porque queria ficar andando de skate com os amigos.