“Deambulações”, projeto do Murilo Romão que fecha a trilogia com Flanantes (2016) e Situacionistas (2017) será lançado nessa quinta-feira (24 de maio) numa première no Scar São Paulo.
Esse é o único vídeo da série que terá partes de skatistas, e o Diego Wanks é um deles.
Didi é um dos meus skatistas favoritos por motivos óbvios, mas que é difícil explicar. A energia dele andando de skate contagia, vai além de manobras, além de estilo.
E alguns anos atrás, quando escutei falar que o Guilhermo Guillis estava produzindo um vídeo com ele, fiquei feliz.
Mas como a maioria dos projetos de vídeo no Brasil, acabou atrasando e ficou meio abandonado.
Cobrei o Guillis algumas vezes, mas não dependia só deles. Já estava virando uma lenda urbana.
E com o projeto do Coletivo Flanantes, Murilo Romão teve a ideia de pedir as imagens para o Guillis e rolou a parceria.
Mas Didi tinha poucos meses pra gravar e complementar esse vídeo.
O Murilo estipulou um cronograma com data limite 30 de abril e Didi se puxou mais, principalmente nas últimas semanas, usando seus dias de folga para andar.
Mas o trabalho do Didi como parrilleiro do Underdog é puxado e nas folgas ele costuma estar exausto.
Chegada a data limite, Murilo estava satisfeito com o que tinha registrado do Didi. Didi não, e queria filmar mais uma.
O vídeo já estava pronto, editado certinho com as músicas sincronizadas (trilha do Maurício Takara!!!), preparado para ser queimado em DVDs. Première já tinha data marcada e também exibições em algumas cidades. Mas o Didi insistiu em querer gravar uma manobra pra fechar sua parte.
Para essa última missão ele convocou o André Porto, diretor de arte do Flanantes pra filmar. Foram algumas horas de batalha com a manobra, trânsito, pedestres e diversos fatores que os skatistas que andam nas ruas tão ligados. No meio dessa sessão, até o Guillis surgiu por coincidência. O cara que começou o projeto estava lá por acaso na filmagem da última manobra, parecia tudo coisa do destino, até que o shape do Didi quebrou… Frustração, raiva, mas ainda havia esperança.
Segunda-feira, quatro dias antes da première, voltei lá com o Didi, o Andre e um amigo dele. Por ser dia de semana, a movimentação estava mais intensa e muita loucura acontecendo ao redor. Brigas de usuários de crack, bêbados querendo interagir… e o detalhe que o Didi tinha acabado de comprar um shape, montado o skate e teve que aquecer e acostumar ao mesmo tempo.
Não vou contar o spoiler dessa sessão. Pra saber, vai ter que assistir o vídeo na première (ou encomendar o DVD via DM do Instagram @flanantes por apenas R$10. no DVD tem um bônus do Didi com mais de 20 minutos!!!).
Mas depois dessa sessão, trombamos o Luiz Apelão e o Allan Carvalho em outro pico. Aproveitei e gravei uma entrevista com o Diego Wanks com participações do Apelão e do Ban.
Entrevista com Diego Wanks. Participação especial Ban e Apelão
Sidney Arakaki: Ban, você tá na expectativa de ver a parte dos dois?
Alan Carvalho “Ban”: Pelo o que os caras estão falando aí, a parte do Didi é a mais esperada. Tô louco pra ver essa parada aí. Só as marretas.
Sidney Arakaki: E aí, Didi, conta a história dessa parte. Porque ela começou a ser feita com o Guillis faz muito tempo.
Diego Wanks: Na real, quando eu era da Skate Até Morrer, os caras queriam fazer um vídeo. E na mesma época o Guillis começou a filmar pra SAM. Aí a ideia foi enfraquecendo e eu saí da Skate Até Morrer. E eu falei pro Guillis, “vamos continuar, terminar”. Porque tinha umas manobras e eu queria fazer algumas e acabar. Só que aí foi ficando, ficando, e como eu trabalho, o Guillis também sempre mora longe, era difícil a gente se trombar na sessão. Teve uma época que a gente estava mais na pegada de sair, mas depois meio que a gente desencanou e ficaram umas ‘trickzinhas’ guardadas. Agora o Murilo teve a ideia de nesse vídeo ser de partes. Ele falou com o Guillis e resgatou as imagens pra sair. Senão ia ficar lá. Resumindo, é isso.
Sidney Arakaki: Em que ano vocês começaram a gravar pra Skate Até Morrer?
Luiz Apelão: Vocês não iam fazer mais uma parada também fora o vídeo? A gente fez uma tour da Skate Até Morrer lá em São José dos Campos. Você filmou algumas coisas ali. Mas era pra uma tour, né?
Diego Wanks: Não, era pro vídeo.
Luiz Apelão: Mas aí rolou só essa sessão da Skate Até Morrer.
Diego Wanks: É, foram poucas, a gente ficava filmando, mas naquelas… bem vagabundo.
Você foi acumulando umas imagens de umas fotos que você foi fazendo.
Mas o Guillis usou várias também em outros vídeos paralelos dele. Tinha umas paradas que eu não gostava mais… Foi diminuindo mas tem umas coisinhas ainda. Mas é normal. Mas na época que a gente começou, 2013, 2014… por aí.
Luiz Apelão: Tudo isso já?
Sidney Arakaki: Estava parado esse projeto.
Diego Wanks: Estava. Mas eu não fiquei filmando daquela época até hoje, tipo um Guy Mariano. As imagens ficaram lá. Filmava uma, depois de uns meses filmava outra, bem suave. Aí o Murilo veio com essas ideias do vídeo e pegou as imagens, filmou mais umas coisinhas de leve pra juntar, dar uma atualizada.
Sidney Arakaki: Esse projeto é tão antigo que na época nem existia esses vídeos de Instagram.
Diego Wanks: Não, não bombava ainda.
Sidney Arakaki: Agora as cabreiras vão pro Insta e o que sobra é que vai pras partes. O que você acha mais difícil pra produzir uma parte? Porque demorou tanto pra sair esse vídeo?
Diego Wanks: O principal é que eu não tenho tempo totalmente livre pra andar de skate. Sempre trabalhei. O empecilho maior era juntar as datas, do dia que eu posso andar e o dia que o mano pode filmar. Quase nunca dava. E eu também sempre falo em cima da hora… Porque eu não consigo ficar pensando “daqui algumas semanas vamos lá naquele pico tal hora”. Eu não sou muito bom com programação. Eu falava um dia antes pra filmar, mas as vezes não dava.
Sidney Arakaki: Com as manobras que estão nesse vídeo você acha que representa o seu skate? Está satisfeito?
Diego Wanks: Essa pergunta aí é difícil.
Sidney Arakaki: Mostra todo o tipo de skate seu? Um pouco de cada pelo menos?
Diego Wanks: Acho que sim. A resposta é sim. Só que tem bastante coisas velhas. Eu queria dar uma atualizada maior, filmar mais coisas ainda. É difícil ficar satisfeito.
(Apelão zoa do lado).
Diego Wanks: O apelido dele agora é satisfeito. Pode colocar aí nas mídias.
Luiz Apelão: É zueira! Não (me) zoa, não! Por ser, não antigo, mas tem vez que uns bagulhos que eu já acertei antigamente e eu não acerto mais hoje em dia de uns bagulhos que eu já filmei. Não tem alguma coisa nesse vídeo? Que você talvez não acertaria de novo?
Diego Wanks: Tem. Vai mudando o estilo. Por isso que dá essa nóia também. Você vai atualizando o estilo, você vai melhorando.
Luiz Apelão: Atualizar os kits, a nova coleção de seis em seis meses.
Diego Wanks: Tem que atualizar os kits. Mas tem umas manobras que não estão atualizadas. O lado bom é que mostra uma época.
Sidney Arakaki para Apelão: A sua parte já é tudo atual.
Luiz Apelão: A gente começou a filmar…
Diego Wanks: Apelão gravou em duas semanas.
Luiz Apelão: Duas semanas não, mas foi em pouco tempo. Uns cinco meses, um pouco menos. No final do ano passado a gente teve a ideia e fomos tentando fazer.
Sidney Arakaki: Um mês atrás, quando trombei vocês numa sessão, o Murilo comentou que faltava um minuto de imagens pra finalizar sua parte.
Diego Wanks: Um dia depois já estava pronto.
Sidney Arakaki: E agora, Bam, aumentou sua expectativa?
Ban: Agora quero ver a parte do Apelão também.
Luiz Apelão: Que jeito! Imagina, uma parte em uma semana. Que expectativa você vai dar pros caras?
Aqui embaixo, o Deambulações, com a lendária parte do Didi.
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