Nas últimas semanas o Largo da Batata, zona oeste da capital paulistana, se tornou um dos picos de skate mais movimentados da atualidade. Porque o coletivo “A Batata Precisa De Você” construiu um móvel bastante skatável na praça. Parece que foi feito para andar de skate, mas não. Parece que foi feito pelo poder público, mas não. É uma iniciativa de cidadãos de bem que querem ajudar a transformar a cidade num lugar melhor para todos.
Depois das primeiras sessões o banco começou a quebrar, mas ao invés de proibirem, nos procuraram para dialogar. E dessa aproximação nasceu o movimento SKATATA, que tem o objetivo de nos unir para construir um local de convivência para todos curtirmos o lugar juntos.
O movimento cresce a cada dia e está dando orgulho de ver.
Já temos até um mini-documentário produzido pelo Mano Jeorge Simas.
Todo mundo é bem-vindo no pico. Não existem regras, mas bom senso e educação se trás de casa.
“O movimento Skatata é a união das forças de skatistas e do coletivo “A Batata Precisa de Você”, que há dois anos vem criando, de forma voluntária, estratégias de ocupação no Largo da Batata. Os integrantes do coletivo vem organizando eventos culturais e construindo mobiliários para que a população usufrua e frequente a região com conforto.
No mês de outubro os “batatas construtoras” instalaram no Largo o Rematéria, um móvel que logo se tornou pico de skatistas, atraídos pelo formato e cantoneiras de ferro, perfeitas para manobras de borda. O grande fluxo de skatistas, que não era esperado inicialmente pelos idealizadores da obra, acelerou a deterioração do Rematéria. “Em poucos dias começamos a ver alguns estragos no nosso querido móvel e ficamos desesperados!”, conta Barão di Sarno, um dos “batatas construtoras”.
Diante do problema, alguns integrantes do movimento se aproximaram dos skatistas para tentar discutir soluções para que todos convivessem em harmonia mutuamente. O diálogo foi produtivo e nasceu o Skatata, um movimento que tem o objetivo de fomentar o skate na região, com participação voluntária dos skatistas.
“Foi inevitável o uso em excesso por parte dos skatistas, causando pequenos danos ao móvel. Conversamos com a galera do coletivo e chegamos ao acordo de que, uma vez por semana será feita a manutenção do móvel, além de projetarmos mais mobiliários skatáveis. Quem quiser fortalecer, seja com mão de obra, opiniões, materiais ou financeiramente, é bem-vindo”, convida o skatista profissional Murilo Romão.
As reuniões e mutirões acontecem regularmente às sextas no início da noite.
A BATATA PRECISA DE VOCÊ!
A Batata Precisa de Você é formado por moradores e frequentadores do Largo da Batata e pessoas dispostas a transformar a Batata em um espaço de estar e não apenas de passagem. A Batata Precisa de Você vem fazendo essas ações regulares de ocupação do Largo e atividades de ativação desde janeiro de 2014, alcançando bons resultados de mobilização para a transformação do espaço. Nossos objetivos são fortalecer a relação afetiva da população local com o Largo da Batata; evidenciar o potencial de um espaço hoje ainda árido como local de convivência; testar possibilidades de ocupação e reivindicar infraestrutura permanente que melhore a qualidade do Largo como espaço público. É um exercício de democracia em escala local, um movimento de cidadania e concretização social e urbana. Uma maneira que as pessoas têm de se manifestar, de maneira inteligente e propositiva, por melhorias imediatas nas suas condições. A Batata Precisa de Você se propõe a ter um canal aberto de diálogo com os gestores públicos e debater os processos de uma gestão compartilhada entre cidadãos, associações e poder público. Hoje é visível a mudança de dinâmica da praça e como ela teve seus potenciais evidenciados, sendo melhor aproveitada pelos cidadãos, depois desses mais de 1 ano de ocupação. Nesse tempo de ocupação do Largo, às sextas-feiras, já aconteceram mais de uma centena de atividades, desde conversas sobre a memória do local, construção de bancos para a praça, jogos de rua, oficinas de bike, de jardinagem, de fotografia, saraus, intervenções artísticas, atrações musicais e muito mais. As iniciativas são propostas pelo grupo e também sugeridas por meio do calendário nesse site, em que qualquer interessado, sem curadoria, se inscreve. Também foi efetiva a proposta de tornar o Largo um laboratório metropolitano de mobiliário urbano, foram produzidos pelo grupo vários bancos in loco e outros mobiliarios foram doados ao Largo por simpatizantes da causa, como 6 bancos em metal e madeira, que foram chumbados em parceria com a Subprefeitura de Pinheiros, o Jardim Pop Up, da Designok, e uma cobertura feita de guarda-sóis, feita e doada pelo coletivo BijaRi. Além das ocupações às sextas-feiras, o intuito é de dar suporte para outras pessoas ou grupos que queiram propor atividades gratuitas e públicas no Largo da Batata em qualquer dia. O Largo da Batata é uma área muito rica em diversidade, um dos territórios habitados mais antigos de São Paulo, local de destino da imigração japonesa e migração nordestina, de forte tradição comercial, e que nos últimos anos tem passado por um processo de transformação. Formulada em 1997, na gestão do então prefeito Paulo Maluf, a Operação Urbana Faria Lima foi formatada para padronizar a área da Nova Faria Lima e do Mercado de Pinheiros até o Rio Pinheiros, incluindo o Largo da Batata, no padrão da Faria Lima, avenida sede de instituições corporativas e financeiras. Essa obra durou mais de 10 anos e o Largo foi aberto para utilização em 2013. Depois de mais de 150 milhões investidos, o Largo, antes um lugar vivo pelo intenso comércio ambulante e vida nas ruas, tinha se transformado em um deserto, sem árvores de porte que proporcionassem sombra nem nenhum mobiliário urbano além dos postes de ilumunação. Como é comum na cidade de São Paulo, era mais um espaço caracterizado pelo uso da passagem, e não considerado um lugar para se estar. É essa lógica que propomos reverter, transformando o Largo de novo em um espaço vivo, com qualidade de convivência. Transformar um não-lugar em um lugar.”