Não seja homofóbico! - Sidney Arakaki

Eu não tenho certeza se foi em 2004 ou 2005, mas me lembro da primeira vez que tive contato com a Parada do Orgulho LGBTQIA+. Depois de uma sessão na Praça da Sé e uma raspada pelo Vale do Anhangabaú, quando estávamos indo pegar o metrô na República, demos de cara com aquela festona no caminho. Chegou um momento que não dava pra seguir em frente e nem voltar por causa da multidão. Eu nunca tinha visto tantos gays exóticos na minha vida e não estava entendendo o que estava acontecendo. Eu fiquei aterrorizado com aquilo e cheguei até a cobrir a cabeça e rosto com o capuz do moletom com vergonha de ser visto ali.

Reconheço que eu era muito homofóbico.

Mas graças a essa festa anual comecei a refletir sobre o movimento e abrir a mente sobre o assunto. Confesso, ainda, que demorou muitos anos para que eu não tivesse vergonha de defender essa causa e tentar parar de fazer piadas de mal gosto. Claro que foi por causa do skate que abri a mente. Principalmente a edição da Vista com a ilustração do suposto beijo de dois skatistas e depois o documentário do Brian Anderson. Na época que a Vista foi lançada eu curti a coragem deles de quebrar o tabu, mas me lembro que foi bem polêmica. E tomara que aquelas pessoas que rasgaram a revista e xingaram os envolvidos tenham evoluído. Mas quando saiu o filme do Brian Anderson assumindo a homossexualidade, não me lembro de alguém criticando… Quem ousaria criticar o BA? Os boatos eram antigos, sempre tinha piadas, mas quando ele “saiu do armário”, muita gente passou a rever os conceitos. Mais importante ainda, é que muitos fãs do Brian Anderson tiveram coragem de assumir também e passaram a viver felizes.

Estamos em 2024 e infelizmente ainda existe muita homofobia. Não seja homofóbico! Reflita. Você não precisa ir numa Parada e nem ficar postando arco-íris nas redes sociais. Respeitar basta.

Com muito respeito e carinho por essa comunidade, listo aqui alguns documentários para você refletir: o documentário brasileiro “Se eu botar o skate na cabeça eu viro o chão”, a história do Brian Anderson se assumindo gay, o programa do Jeff Grosso dedicado a comunidade LGBTQIA+ e o trailer do “A Vida no Skate“, filme do Leo Baker na Netflix. Todos com legendas em português, não tem desculpa para não entender. Faça um esforço, vale a pena.