SSALITRE

“.SSALITRE.” é um projeto independente do skatista, jornalista, fotógrafo e videomaker soteropolitano Fernando Gomes.

Ele me mandou esse vídeo com o Felipe Brandão, Jef Santos, Nathan Viana, Ruan Robert, Iure Almeida, Vitória Mendonça, Wesley Dente, Pablo Lemos, Felipe Oliveira, Jamerson Conceição, Jean Spinosa, Marcus Daniel, Rafael Oliveira, Alexandre Cotinz, Dan Reis, Lucas Kislansky, Jonatas Freitas, Aline Rodrigues, Claudio Souza, Ian Aragão, Pedro Lima, e fiquei encantado pelo audiovisual e autenticidade da rica cultura baiana retratada junto ao skate.

Aí, pedi pra ele dar uma explicada sobre o projeto, pra entendermos toda a contextualização.

Pra completar ainda mais, tem fotos lindíssimas pra ilustrar o post.

“O .ssalitre. acabou se tornando o projeto onde eu tenho abordado o skate de rua por aqui.

Para além das manobras, o foco da parada é a relação dos skatistas com Salvador, essa relação com a cidade e seus barulhos, praças, personagens que encontramos na rua durante as sessões, esse é o principal tema da parada.

Também conto com a ajuda de Rafael Oliveira, que além de skatista dos bons, também aparece no vídeo com boas tricks de manual na manga, é ilustrador e designer responsável pela identidade visual da parada.

Essa história com o verde neon vem da nossa referência imagética das ruas da cidade mesmo, por ser uma cor que, principalmente nos bairros populares, é muito presente no vestuário da galera por aqui. E esses flashes/interferências verdes no vídeo remetem a corrosão do salitre, que é um elemento presente no cotidiano de quem vive próximo do mar e que corrói superfícies como as de equipamentos eletrônicos e carros. Ou seja, vem do mar mas corrói.

Daí vem também o nome do projeto – junção da sigla SSA, de Salvador, com o salitre que é o elemento malquisto do mar.

O LADOA foi o começo de tudo. Na verdade o projeto surgiu com esse primeiro vídeo. Na época a ideia era fazer o vídeo .ssalitre. abordando esse conceito da relação com a cidade. Rolou exibição no MIMPI, depois a première em Salvador e soltamos online no começo de 2019. A partir daí veio a ideia de seguir o projeto de outras formas: fotografias, prints, ilustração; e fazer esse segundo vídeo, que complementa o formato do primeiro sendo o LADOB. 

Tem alguns pontos de diálogo bem sutis entre um vídeo e outro, principalmente no formato de edição, umas coisas de skatenerd (risos). Tipo, o LADOA termina no mesmo pico onde começa o LADOB, as partes noturnas são no mesmo pico nos dois vídeos e começam/terminam com linhas que cruzam o mesmo espaço mas em sentidos opostos.

A gente chama atenção pra proibição do skate na praça do Campo Grande também nos dois vídeos. Acho que tudo isso vem muito das dualidades de viver em Salvador, beleza e desigualdade, mar e concreto, dia e noite, centro e orla…

Sobre os skatistas, acho que muito dessa autenticidade que você percebeu vem deles também, né. Acho que a galera aqui vem naturalmente se relacionando com o skate de uma forma cada vez mais fora da caixa e isso contribui pra que a gente reconheça mais talentos como Ruan Robert, pra mim um exemplo do original skate punk do brasa, anda no gás e tem uma vivência de rua cabulosa; Jef Santos é filho de skatista, vive skate desde criancinha e tá num momento muito bom, com o skate muito no pé e se firmando como uma das principais referências pra galera local por aqui; Nathan Viana é um capixaba que veio morar em Salvador e logo deixou todo mundo de cara com o nível do skate, estilo e com sua personalidade, daqueles skatistas de fala tranquila e rolé pesado; Felipe Brandão tu já conhece e foi quem protagonizou algumas das cenas mais marcantes do vídeo, sempre com a disposição no talo durante as sessões; Iure Almeida é outro pivete que vem surpreendendo a cada sessão, representa a Cidade Baixa, área de muito skate e vale muito também ver a parte dele que saiu esse ano no vídeo Lockdown, da Orig.

Falando só desses porque são os que participam mais do vídeo. Mas todo mundo aí tem muita manobra e história boa pra contar.”

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