Duas situações com “skateshops” inusitadas registradas em duas das cidades mais caóticas e cheias de surpresa do mundo. São Paulo e Nova York. Em ambos momentos, encontrei por acaso curiosos “vendedores” de skates. Em 2011, em Nova York, trombei esse caminhão skateshop parado no centro de Manhattan. O cara tinha acabado de estacionar numa ruazinha e os moleques começaram a colar pra comprar peças, doces, sucos e vários tipos de guloseimas. Por ali não tem muitas lojas de skate “core” e o Tre Truck tinha algumas opções legais de marcas.
Aqui em São Paulo, algumas semanas atrás, dei de cara com um senhor empurrando um carrinho de supermercado com alguns skates na região do Parque Dom Pedro. A maioria estava amarrado nas laterais, chamando minha atenção. Foi um choque! Por ali eu sou encanado de tirar o telefone do bolso, já deixei de registrar muitas coisas surreais, mas esse vendedor eu precisava fazer a foto. O instinto de tirar o telefone do bolso foi maior que o medo, e fiz o primeiro clique praticamente sem pensar. Foi o que mais curti – Essa imagem da direita.
Depois ele parou e começou a posar para a foto. Não resisti e perguntei o preço. “R$20”, ele respondeu sorridente e simpático, enquanto mais pessoas foram chegando em volta para analisar os skates e perguntar o valor.
É sensacional que um senhor saia vendendo skates empurrando um carrinho pelo centrão de São Paulo, principalmente num valor tão acessível. São crianças que ganham esses brinquedos inocentes que tiram o maior proveito e criam uma relação verdadeira relacionada à diversão. O skate atual está exageradamente muito ligado a profissionalismo.
Num mercado tão competitivo e hipócrita como hoje, temos que reconhecer que um tiozinho desse está vendendo “diversão”, plantando a semente de uma geração de pessoas que por um período da vida se divertiram com um brinquedo chamado skate. Não foi um frustado que tentou ser skatista e parou de “treinar” seja lá qual foi a motivação interrompida.
Claro que não podemos esperar qualidade de um skate de R$20. Mas para uma criança, de qualquer classe social, na maioria das vezes não sentirá a menor diferença ao brincar com um skate comprado na rua e numa skateshop.