O skatista Mario Romário soltou dois vídeos que mostram o sacrifício que fez para acertar as manobras para o Sinergia, produção independente lançado em 2012. Ele lançou o B-Sides parte 1 e 2, com imagens filmadas em sessões no Brasil e EUA em dois anos de empenho.
Paulista de Guarulhos, Mario Jorge Hermani é um skatista amador cheio de determinação, seja para acertar manobras, seja para fazer a diferença na sociedade.
Entrevista originalmente publicada no http://espn.uol.com.br/noticia/438444_o-lado-b-da-sinergia-de-mario-romario
Conte sobre a produção do Sinergia.
A ideia do vídeo surgiu quando eu e o Bruno Inhudes falamos “vamos fazer um vídeo, e daí foram surgindo as ideias e tudo mais. Um ano e pouco depois do início das filmagens, o Bruno, que nos filmava e editava os teasers e trailers, teve que se afastar da produção por problemas financeiros. E pra não deixar o projeto parado eu toquei o restante que faltava fazer. Foram apenas seis meses para conseguir finalizar. Boa parte já estava produzida. O mais interessante é que no decorrer do vídeo foram aparecendo mais ideias, como a trilha sonora de parte do vídeo exclusiva, alguns skaters foram sendo inseridos, a fonte usada na edição tem toda uma identidade, etc. Foi uma experiência interessante e pretendo produzir outro vídeo mais pra frente. Mas não como videomaker (risos). O Sinergia Vídeo foi minha segunda video parte, não vejo outra forma de ser respeitado a não ser pela vídeo parte. Alguns skatistas deviam pensar mais sobre isso. O retorno financeiro é uma consequência da sua carreira-história no skate e isso se consegue através do respeito que você tem em cima do carrinho, ou então “sendo um campeão” de eventos (risos).
Vídeos de desgraça costumam ter bastante audiência na internet. Você lançou esse vídeo B-Side do Sinergia pra galera que curte ver tombos?
Não vejo problemas casos essas pessoas que gostam de tombos verem o vídeo, mas não lhes acrescentariam nenhum conteúdo. O projeto B-Side, assim como no vídeo Stay Gold da Emerica, tem o intuito de mostrar o quão difícil foi aquela cena de três segundos. E mais, no caso dos brasileiros, o quão difícil era o caminho, o chão, a volta, etc…
Qual a manobra de três segundos mais demorada que você acertou? Levou quanto tempo pra acertar?
No Sinergia, a que mais levou tempo foi o ollie to frontside lipslide no corrimão de double set em Northridge, na Califónia, onde fiquei mais de duas horas para trepar o primeiro. Mas na vida teve pico que voltei quatro dias diferentes com mais de três horas de sessão.
De onde vem a inspiração pra ter um estilo original de skate?
Em primeiro lugar, meus agradecimentos pelo reconhecimento. Acredito que o estilo engloba uma seqüência de fatores. O modo de ver o skate, os amigos com quem você anda e sua própria personalidade são as mais incisivas na definição, na minha opinião.
Quando você viajou para os EUA, filmou algumas manobras para o Sinergia e numa das sessões trombou o Geoff Rowley. Depois que você acertou um switch ollie aparece ele vibrando por você. Você ficou surpreso com a atitude dele?
Cara, aquela cena eu vou levar comigo por muitos anos. Estávamos andando no Cherry Park, famosa praça de Long Beach, quando o Geoff Rowley chegou pra fazer um rolezinho. Não gosto de tietagem, mas estamos falando de um ídolo que eu escolhia pra jogar no Tony Hawk 2 quando eu tinha 14 anos. E assim que encostou pra cumprimentar o Bill Weiss – que estava me filmando – eu usei aquela boa vibração pra acertar o switch ollie que estava tentando a aproximadamente 30 minutos. Ele, vendo o acerto, como qualquer bom skatista, vibrou! Me deixou extremamente satisfeito ter a aprovação do Boss (risos)!
Porque você escolhia o Rowley no videogame?
Já viu a parte dele no Realy Sorry?
Conta aí como surgiu esse apelido de Romário.
Lembra da música 157 dos Racionais Mc’s? Então, “passa a bola, Romário”. Um amigo meu que costumava estar sempre nas sessões, sempre vinha com o enredo após um acerto de uma manobra. O tal amigo hoje está no mundo das artes e já até assinou recentemente uma edição de óculos da Ray-Ban, vocês vão ouvir falar dele.
Eu prefiro te chamar de He Man! Você jogava o game dele também, por isso tem os super poderes pra pular os gaps?
(Risos) Não assistia nem o desenho desse mano aí.
Você é um cara muito pé no chão, não se iludiu só com o skate e também estudou e trabalhou paralelamente às sessões. O que está fazendo agora?
Hoje sou skatista de corpo e alma, mas nunca vou deixar de estudar. Atualmente, faço arquitetura e urbanismo. Neste meio estou desenvolvendo um projeto para projetar parques e plazas de skate de integração sociável entre cidadão comum e skatistas.
Tem muitas pistas mal construídas pelo Brasil. Você tem alguma sugestão para quem está planejando fazer uma pista?
A construção desses espaços para prática do skate são grandes responsáveis pela formação do skatista. Eu apoio a idéia do skate como estilo de vida e a integração de skatistas com o cidadão comum é uma forma de trazer mais e mais adeptos a este modo de viver. Vejo as praças com skatistas e pessoas comuns interagindo entre si, como um espaço criado para troca de conhecimentos.
Assista as partes 1 e 2 do Lado B de Mario Romário no Sinergia Vídeo