Esse texto foi originalmente postado no www.espn.com.br/skate
Jay Adams, o mais radical dos Z Boys
Jay Adams era o principal skatista dos Z Boys. Todos os integrantes do grupo de crianças e adolescentes que revolucionou a cultura jovem na década de 70 eram fortemente influenciados pelo caçula, que se sobressaia com seu estilo agressivo em cima do skate e atitudes radicais fora dele. Sua rebeldia chocava porque o mundo era careta. Antes deles não existiam referências.
Mas quando o skate explodiu nos EUA, se transformou num esporte popular e os skatistas começaram a ganhar dinheiro, Jay Boy simplesmente abandonou o time. Teve atitude de abrir mão de fama e dinheiro para continuar andando de skate e surfando apenas por diversão.
“Ele não ligava. Foi por isso que não se deu bem. Ele nunca ligou para as recompensas materiais que o skate oferecia. Jay tinha uma atitude do tipo foda-se com o lado comercial do skate,” explica Tony Alva, o rockstar dos Z Boys, no documentário “Dogtown and Z Boyz”, de 2001.
Outro depoimento do filme que chama atenção é de Wentzle Ruml, quando disse que Jay ficou assustado com o lado comercial e cheio de responsabilidade de um skatista profissional. “Era preciso ser responsável, aparecer no horário combinado, fazer apresentações, viajar.” Regras que não combinavam com o estilo de vida que ele ajudou a criar.
“Era muito divertido antes de ficar sério demais. A época das competições amadoras era ótima. Quando o skate se profissionalizou, ficou muito sério. Parecia que o pessoal não estava se divertindo tanto. Era um emprego. Havia muita tensão”, disse Adams durante Dogtown.
A notícia da morte do caçula dos Z Boys Jay J. Adams pegou todos familiares, amigos e fãs de surpresa. Ele sofreu um infarto fulminante na madrugada do dia 15. O primeiro a se manifestar pelas redes sociais foi Peralta. No Instagram ele escreveu, “Acabei de receber a terrível triste notícia que Jay Adams se foi na última noite devido a um ataque cardíaco fulminante, envie seu amor.”
Aos poucos, mais homenagens foram acontecendo, assim como mais informações foram se confirmando. Jay morreu nos braços do amigo Alan Sarlo, que estava o acompanhando numa viagem para surfar em Porto Escondido, México. Essa era a primeira viagem para fora dos EUA em mais de 20 anos, já que Jay Boy era impedido de sair do país por responder por processos criminais.
Mas há anos o skatista estava longe das drogas e crime. Convertido ao cristianismo, pregava em igrejas de amigos.
O lorde de Dogtown estava com a esposa e um grupo de amigos – entre eles os Z Boys Solo Scott e Allen Sarlo – há três meses em Porto Escondido, onde surfou todos os dias.
A situação do skate atual é tudo o que Jay Adams abominou nos anos 70. Se transformou num dos esportes mais populares do mundo e está prestes a ser incluído nas Olimpíadas. Mas independente da popularidade do skate, sempre haverá skatistas que andarão por diversão. E essa essência é o maior legado de Jay Adams.