Helga Simões fala sobre o fim do filho Skate Paradise

Helga Simões (foto: Sidney Arakaki)
Helga Simões (foto: Sidney Arakaki)

Depois de oito anos, 255 programas no ar, o programa Skate Paradise chega ao fim nos canais ESPN. Nunca um programa de skate tinha ido tão longe na TV brasileira (atualização com informação do Cesinha Chaves: “o Vibração estreou em Abril de 1984 e ficou no ar até 1991. Foram cerca de 1180 produzidos nesse tempo, e uma vez por semana tínhamos o Vibração Skate”). Skatistas são exigentes, e quando uma pessoa que nunca subiu no skate tenta se enturmar falando sobre o que não sabe, são automaticamente rejeitados pelo público. Não foi o caso de Helga Simões, uma jornalista que se doou para mostrar um skate verdadeiro, com muita paixão.
Nesse momento triste, ela respondeu um email sobre o fim do programa.

Tem como descrever o sentimento desse final de ciclo?
O sentimento é confuso. Por um lado estou triste porque o Skate Paradise é como se fosse um filho criado, que sai de casa para o mundo. No lugar ficam todas as lembranças das diferentes fases que ele viveu ao meu lado, o aprendizado mútuo, os arquivos de memória, os amigos que invocam notícias. E eu sem saber o que dizer ainda. Por outro, tem a felicidade de ver que o filho já pode sair debaixo da asa porque passou por todas as fases de maneira segura, ganhou o direito de seguir seu próprio destino e vai pro mundo carregado de amor, que foi plantado em seu coração desde que nasceu.

O Skate Paradise foi o programa de skate que ficou mais tempo no ar. Qual o legado dele?
Julgo que o principal legado do Skate Paradise foi de mostrar que o skatista também pensa e expressa seus pensamentos. Quando comecei a trabalhar com skateboard, há 10 anos, desconhecia a opinião e as ideias da maioria dos skatistas porque sempre houve o culto à manobra, em detrimento às ideias. Aprendi ao longo da existência do programa, que não existem tricks sem cabeça pensante por trás. E o que aprendi, joguei no ar em mais de 250 programas. Acho que a segunda questão é ter mostrado que é possível se fazer jornalismo especializado em skate, sem ser um skatista. O que você tem que fazer para isto é ter alma de skatista. Ou seja, doses de rebeldia, insatisfação, ação, determinação, senso de sobrevivência em grupo e amor pelo que faz. Assim você consegue trabalhar com o skate e fazer uma nova família.

O arquivo de programas continuarão disponíveis online?
Existem 2 arquivos do Skate Paradise, o da ESPN, que são os programas que foram ao ar e os da Fuego Skate, que é todo material que reunimos nestes 8 anos de existência. Imagens são vivas, independem da época que foram captadas.

Há planos para continuar o Skate Paradise de alguma forma?
Há planos de seguirmos uma caminhada, se é o Skate Paradise ainda não sei dizer, mas o skate vai continuar na minha vida com certeza. Até porque seria bem difícil viver sem coração.

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