O skatista profissional paulistano Rafael Finha recebeu seus amigos nesse domingo para celebrar o lançamento do seu novo modelo de shape assinado pela Black Sheep. O churrasco aconteceu na Quadrinha do Real Parque, que também é conhecida como Prafinha, um lugar onde Finha encabeça uma escolinha de skate com vários obstáculos construídos por ele e os amigos da região.
O blog esteve na festa e bateu um breve papo com ele sobre a importância do pro-model na vida do skatista profissional, como é ser o cara referência no Brasil em botar a mão na massa e construir os próprios picos para andar de skate e sobre o vídeo do pro-model, produzido pelo amigo Carlos Taparelli.
O que está acontecendo aqui hoje?
Hoje mais que nunca é um dia especial na minha vida. E como eu represento o skateboard, é uma vitória também do skate. Estamos aí, mais um dia pra gente confraternizar, andar de skate, se divertir, comer uma carninha, tomar uma água, tomar uma cerveja, ficar bem tranquilão. Obrigado Black Sheep, obrigado a quem acreditou no meu trabalho, obrigado as pessoas que estão fazendo parte desse desenvolvimento, Rocha, Bigas, a todo mundo da Black Sheep que já estamos desenvolvendo esse desenho, esse model, pra fazer um negócio legal e de verdade dentro do que o skatista precisa. É uma satisfação muito grande estar recebendo todo mundo aqui. Aqui é nossa casa, quadrinha Real Parque Skateboard.
Qual é a importância do pro-model para você?
Pra mim, na realidade, é a valorização máxima do skatista. Porque lançar um model de shape, um desenho, não é apenas compor e emplacar num shape. O legal é fazer um trampo certinho. Valorização da marca, do atleta, a negociação certa, o custo benefício que o atleta vai ter em volta de tudo isso. O trabalho desenvolvido do atleta até esse patamar. Vamos se dizer que é o model de shape. É uma satisfação enorme estar fazendo parte disso. Que isso está acontecendo na minha vida. Em primeiro lugar também tenho que agradecer a Deus, porque se não fosse a partir dele nada disso estaria acontecendo e nada disso existiria. Então, em primeiro lugar é a Deus e a nossa família, que está agregando e fortalecendo cada vez mais o skate. A dificuldade todo mundo sabe que existe, mas vamos fazer por onde e suprir essa necessidade e tentar fazer uma coisa de verdade. Valorizar o skatista cada vez mais. Aqui no Brasil é meio difícil, mas o pouco que a gente consegue, fazer direito. A valorização de entender a valorização do pro-model, do atleta profissional estar assinando, a necessidade que o atleta tem. É uma parada que já está acontecendo a algum tempo, não é uma coisa que aconteceu de uma hora para outra. Tipo pensado, os elementos que compõe o shape são os elementos que fazem parte da minha vida. Isso é o mais importante pra mim. No caso, não é só um desenho, mas uma representação de um todo, de uma caminhada e da felicidade de você estar em cima do skate e estar fazendo o que você mais gosta. Pra mim, o pro-model é tudo isso, muita coisa, muito trabalho envolvido, não somente um desenho.
Quando você era iniciante sonhava em ter seu pro-model?
Ao decorrer da nossa vida várias coisas acontecem. Várias pessoas passam, vários ídolos se formam. E o pro-model é uma realização, acho que todos skatistas sonham. Eu não imaginava que isso poderia acontecer, mas as coisas foram acontecendo. Eu almejava, lógico, achava o máximo ter o seu nome assinado num shape. Isso é uma satisfação enorme. Eu não almejei e corri atrás pra fazer, pensando nisso. Foi acontecendo com o tempo e se tornou uma realidade.
Qual primeiro pro-model que você usou?
O primeiro pro-model que eu tenho na mente até hoje foi o primeiro shape com nose e tail, o do Thronn. O primeiro a gente nunca esquece.
Representa alguma coisa pra você aquele model?
Representa muito. O Thronn é uma pessoa, um skatista muito forte dentro do nosso mercado. Representa uma energia, uma força muito grande dentro do nosso esporte. E estar lembrando que hoje eu tenho o meu assinado e ontem, nos anos 80, eu ter usado o model do Thronn, o primeiro shape com nose, não tem explicação, é uma satisfação muito grande.
Você tem uma ligação forte com a arte urbana também, né?
Eu faço graffitti desde criança. Desde o tempo de escola, desenhava na sala, nas aulas de artes, as professoras me davam notas boas. Passava as aulas de história da arte e eu estava fazendo graffitti. E isso é uma parada que levo comigo. Onde eu vou faço graffitti. Conheço bastante pessoas, do Brasil inteiro que faz parte da cultura de rua, que é a pichação, o graffitti. Isso é uma coisa que me acompanha, uma coisa natural de mim, eu não forço, não é uma coisa que eu faço pra ser mais que alguém. Jamais, isso aí é só pra agregar amizade, conhecimento, e nos satisfazer como pessoa mesmo, porque a gente não ganha nada, só gasta. É um bagulho que vem de dentro, é de coração mesmo. O graffitti me acompanha dentro do contexto do shape. Também tem a ver a arte urbana, arte de rua compondo também as ideias. A maioria foi composta dentro dessa ideia da arte, tanto que a arte foi desenvolvida pela mão mesmo, tudo desenhada a mão para depois passar pro computador e depois fazer um trabalho final em cima. A arte é nossa vida.
O shape está sendo lançado com um vídeo.
Dentro desse contexto do shape, dentro do tempo que ficamos compondo o desenho e das ideias, fomos desenvolvendo a ideia do vídeo. Porque, um lançamento, uma parada que tem vários elementos que dizem muitas coisas, o significado da nossa vida. Eu acho que precisava ter um vídeo pra documentar o que isso realmente significa. O vídeo é uma coisa bem rápida, mas com propósito bem grande, que é o skate em primeiro lugar e a satisfação de um pro-model.
Você é o cara referência no Brasil em construir ou adaptar picos pra andar. Qual a motivação pra isso?
Isso vem do nosso esforço, da nossa vida, educação, da nossa família, daquilo que vimos lá atrás com nossos pais, que estavam sempre nos educando, me corrigindo, puxando orelha na hora que a gente estava fazendo coisas erradas. E isso aqui, essa experiência que eu tenho com construção, vem do meu pai, meu avô. Meu pai tinha oficina, meu avô mexia com marcenaria. O meu bairro me proporcionou isso também. Minha família é moradora aqui do Real Parque há 50 anos. Somos os precursores do bairro. Isso aí vem da vontade de ver acontecer e a satisfação de ver pronto.