Notícia muito, muito triste: quatro skatistas do projeto Skateistan foram mortos num ataque suicida em Cabul sábado. Entre as seis vítimas fatais do ataque estavam, Nawab, um garoto de 17 anos que ganhou o campeonato Go Skateboarding Day desse ano, Khorshid, uma menina de 14 anos que também trabalhava como instrutora voluntária ensinando skate para outras 160 meninas, e os alunos Mohammad Eeza, de 13 anos, e Parwana, de 8, irmãzinha de Khorshid.
O skatista instrutor voluntário do projeto Navid, de 14 anos, sofreu sérios ferimentos e segue internado no hospital.
O ataque aconteceu perto do quartel-general da Otan na capital do Afeganistão. E o que mais choca nessa tragédia, é que o suicida tinha apenas 16 anos de idade!
Acompanho esse projeto Skateistan faz alguns anos e já fiz vários posts sobre ele. Colo aqui um deles, publicado originalmente no site da ESPN, em 2010. Esse post é um resumo do projeto.
“O Afeganistão é um país que convive com guerras desde a antiguidade. Gerações de cidadãos não sabem o que é paz e não há uma pessoa que não tenha perdido um parente vítima da violência. Nesse ambiente brutal, a juventude cresce sem muitas opções de lazer e cultura, e uma das esperanças para uma convivência melhor em sociedade tem sido o skate, através do projeto Skateistan.
Em 2007 os skatistas australianos Oliver Percovich e Sharna Nolan chegaram em Cabul, capital do Afeganistão, para trabalhar em projetos sociais. Quando andavam de skate, atraíam atenção das crianças e começaram a ensiná-las a andar. Os três skates que tinham levado, logo se transformaram numa pequena escola, e o interesse dos jovens afegãos para o novo esporte fez com que a cena crescesse rapidamente. O skate se transformou numa febre mesmo sem ter ruas asfaltadas ou uma pista.
Com o sucesso, os fundadores importaram mais skates e a escola cresceu. O Comitê Olímpico Nacional Afegão doou um galpão de 5428 metros quadrados e eles construíram a primeira pista do país, onde também funciona a sede da Ong Skateistan. A organização não governamental e sem fins lucrativos conta com apoio de diversas marcas de skate do mundo inteiro. Todas enviam materiais para que as crianças andem de skate, já que no país não existem lojas de skate.
O trabalho é feito, basicamente, por voluntários de diversos países. Da Austrália, EUA, França, Dinamarca, Alemanha, Afeganistão, entre outros. Alguns alunos mais avançados também trabalham na Ong e vem se tornando profissionais do skate.
O Skateistan tem aproximadamente 280 alunos, sem distinção de classes sociais, etnia ou sexo. Até deficientes físicos participam. Além das aulas de skate, eles aprendem hábitos saudáveis, responsabilidade civil, informações tecnológicas, artes e idiomas. Uma forma de preparar jovens cidadãos a liderar suas comunidades para mudanças sociais e de desenvolvimento.”
O projeto virou documentário e ganhou os prêmios de melhor fotografia e melhor documentário no LA Skate Film Festival, o Festival de Filmes de Skate de Los Angeles, em 2010. Assiste aqui embaixo o curta-metragem do Orlando Von Einsidel