Na Folha de S. Paulo de hoje saiu uma matéria com o Mano De Leve. É sobre o projeto novo dele, a Banda Leme, http://www.myspace.com/bandaleme .
Farto do hip hop, De Leve monta trio de rock
Com ex-membros do DeFalla e Engenheiros do Hawaii, MC lança a Banda Leme
De Leve se queixa da falta de identidade do hip hop nacional; músicas do trio combinam diversidade rítmica e letras provocativas
JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Há pouco mais de quatro anos, este jornal apresentava De Leve como a “next big thing” do rap nacional. Integrante do hoje finado coletivo Quinto Andar, o niteroiense lançava sua estréia solo oficial, “O Estilo Foda-se”, um disco atrevido e engraçadíssimo, que parecia ter o poder de causar uma revolução no hip hop brasileiro.
Em janeiro de 2008, Mano Brown ainda é tratado e discutido como cabeça do movimento, ninguém conseguiu repetir o êxito comercial de D2, e De Leve… De Leve está lançando uma banda de rock.
“Nem escuto mais hip hop, só produções feitas antes de 1986, quando os caras misturavam rap com rock”, afirma De Leve, 26, pelo telefone. “O rap nacional nem cara de Brasil tem, diferentemente do funk carioca, que é o que vem sendo reconhecido lá fora”, alfineta.
Com os gaúchos Flu (baixista que integrou a formação clássica do DeFalla) e Luciano Granja (ex-Engenheiros do Hawaii, atual guitarrista do reggaeiro Armandinho), o provocador montou a Banda Leme. As primeiras composições ficaram prontas há seis meses e foram direto para o MySpace e o TramaVirtual.
A idéia do grupo partiu de Flu, 45, que já tinha trabalhado com De Leve em seu segundo álbum-solo, “No Flu do Mundo” (2003). “Mostrei umas bases para o De Leve sem imaginar o que poderia vir”, conta o gaúcho. A única coisa que Flu não cogitava era que seu parceiro, em vez de rimar como um MC, resolvesse cantar. “O Flu ficou espantado”, recorda o ainda rapper (ele já tem seis músicas prontas para o que deve ser seu terceiro CD, já batizado de “De Love”).
As primeiras faixas disponibilizadas pela Banda Leme primam pelo humor e pela diversidade rítmica. “Não Te Dou” flerta com o ska e a new wave. A levada de “Nadadora” é totalmente disco music. Já “Amor 100 Remédio” está mais para o reggaetón, estilo que De Leve acredita não ter vingado no Brasil por puro preconceito dos nossos manos. Ele também diz que “Amor 100 Remédio” merecia ganhar uma versão “voz e violão” de seu mais ilustre fã declarado: Caetano Veloso.
Pseudônimo
Uma chinfra da Banda Leme é que seus integrantes -até o momento- escondem seus nomes artísticos. De Leve usa Freitas e Flu, Santos (seus sobrenomes). Luciano Granja, 35, ganhou a alcunha de Frias. Ele é o único morador do bairro carioca do Leme.
O batismo da banda nasceu de um pensamento de De Leve durante um ensaio no estúdio de Granja: “Tomara que eu fique bem rico com esse projeto e possa vir morar no Leme também”. Segundo o fantasioso texto de apresentação do grupo, Freitas, Frias e Santos são pescadores que descobriram como fazer música usando computador e resolveram faturar uma graninha.
Com apenas uma apresentação ao vivo no currículo, a Leme quer movimentar mais a agenda de shows, enquanto novas músicas devem ficar prontas para ampliar ainda mais o espectro sonoro desse trio roqueiro nada ortodoxo. Há um blues e até um sambinha, com bateria eletrônica programada por Domenico Lancellotti (+ 2, Orquestra Imperial).
Eu comecei a falar mal do hip-hop antes de todo mundo! Quero os créditos por essa moda…